Recentemente adquiri o tão falado
livro de Roberto di Mattei, O Concílio Vaticano II - uma história nunca
escrita, onde o autor, segundo ele mesmo, procura ordenar, compreender e narrar
os fatos do último Concílio realizado pela Igreja.
"O verdadeiro historiador não
é, nem o investigador que desencanta novos documentos, nem o cronista que
acumula documentos já conhecidos; é aquele que, com base na documentação,
pública ou inédita, que tem a sua disposição, é capaz de a ordenar, de a compreender,
de a narrar, enquadrando os factos numa filosofia da história que, para os
historiador católico, é, antes de mais, uma teologia da história."
Roberto de Mattei
Assim, quando começo
ler algum livro, e o livro permite, antecipo a leitura de fatos de pessoas que
são significativas na história narrada. Desta vez, resolvi começar por Yves
Congar, um dos chamados "peritos do Concílio".
_______________________________
“Na Bélgica, junto
a Tournai, surgia o convento dominicano de Le Saulchoir onde, a partir de 1932,
foi "regente de estudos" o Padre Marie Dominiqye Chenu, que em 1937
publica um ensaio entitulado Une école de Théologie, Le Saulchoir, que
pretendia ser um programa "metodológico" para a formação dos estudos
dominicanos. Neste ensaio, Chenu criticava a teologia antimodernista em nome de
um "Cristo da fé" que se
conhece (como pretendiam os modernistas) no "Cristo da história".
[...]
O "manifesto" do dominicano francês foi
colocado no Index com um decreto do Santo Ofício de 4 de fevereiro de 1942,
juntamente com o "Essai sur le problème théologique" do seu confrade Louis
Charlier, e ele foi destituido do cargo que ocupava. Os seus discípulos - entre
os quais se contavam sacerdotes como o dominicano Yves Congar, dez anos mais
novo que ele - por esta altura, estavam convencidos de que competia à geração a
que pertenciam a tarefa de "recuperar e transferir para o patrimônio da
Igreja todo e qualquer elemento de valor que pudesse emergir de uma abordagem
ao modernismo". (pag 56)
"Em "Vraaie et
fausse reforme", o Padre Yves Congar apresentava como "verdadeira" uma
"reforma" da Igreja que viria a ser, mais do que uma reforma, uma
autêntica revolução. É este teólogo dominicano que se deve uma das primeiras
enunciações da fórmula do "primado pastoral", que introduzia uma
distinção entre dogmas e a respectiva formulação, como se fosse possível
alterar a expressão da doutrina sem lhe alterar o conteúdo. A reforma modernista da "fé sem
dogmas" era agora substituída por uma formulação não dogmática da fé, que
visava alterar a fé sem, aparentemente, tocar na doutrina. Congar cultivava
"a virtualidade e as ambivalências originais do pensamento inovador",
afirmando que "não existe pensamento vivo que não seja também
perigoso", nem existem "germes activos nos quais não haja
micróbios". E, como para matar micróbios seria também preciso matar os
germes vivos, era necessário, em sua opinião, deixar prosperar uns e outros. A
condenação dos erros por parte da Igreja, desde as heresias medievais até ao
modernismo, tinha eliminado os elementos positivos neles presentes, A IGREJA
TERIA FEITO MELHOR EM DEIXAR VIVER E DIFUNDIR ESTE ERROS." Congar
propunha, pois, reformar a Igreja a partir de dentro, através de "uma
reforma sem cisma"; "não é preciso construir outra Igreja; é preciso
construir uma Igreja diversa", explica." (pag 88)
Breve mais sobre. Deixo as conclusões para nossos prezados leitores.
Fonte: de Mattei, Roberto. O Concílio Vaticano II - uma história nunca escrita.