sexta-feira, 30 de maio de 2014

Meditações de Santo Afonso de Ligório - Novena ao Divino Espírito Santo


Novena ao Divino Espírito Santo
Meditações de Santo Afonso de Ligório - Tomo II

Primeiro dia – Sexta feira

Et apparuerunt illis dispertitae liguae, tanquam ignis – “E apareceram sobre eles repartidos como que línguas de fogo.” (At. 2,3).

A novena do Espírito Santo é a primeira de todas, porque foi celebrada pelos santos apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo, entre muitos prodígios. Lembremos de que ao Divino Paráclito é atribuído especialmente o dom do amor. Convém, portanto, que nesta novena consideremos o grande valor do amor divino. Em primeiro lugar, o amor é aquele fogo que inflamou todos os santos a fazerem grandes coisas por Deus. Se quisermos também ficar abrasados, apliquemo-nos sempre, mas em particular nestes dias, à oração, que é a fornalha onde o fogo do amor divino se acende.

I – Deus ordenou na antiga Lei que o fogo ardesse continuamente no seu altar. Diz São Gregório que os altares de Deus são nossos corações, onde Ele quer que o fogo de seu santo amor arda sem cessar. Por isso o Eterno Pai, não satisfeito em ter-nos dado Jesus Cristo, seu Filho, para nos salvar por sua Morte, quis dar-nos ainda o Espírito Santo, para que habitasse em nossas almas, e as conservasse continuamente abrasadas de amor.

Jesus mesmo declarou que descera à Terra exatamente para inflamar com este fogo sagrado nossos corações, e que seu único desejo era vê-lo acesso: “Vim lançar fogo à Terra e que coisa Eu quero senão que se acenda?” (Lc 12, 49). Eis aqui porque, esquecendo as injúrias e ingratidões dos homens, logo que subiu ao Céu, nos enviou o Espírito Santo. – Assim, ó Redentor amadíssimo, na vossa glória, como nos vossos sofrimentos e humilhações, nos amais sempre?

Pela mesma razão o Espírito Santo quis aparecer no Cenáculo sob forma de línguas de fogo: “E apareceram sobre eles repartidos como que línguas de fogo.” (At. 2,3). Por isso também a Igreja nos faz rezar com estas palavras: “O Senhor, fazei que o vosso divino Espírito nos inflame com o fogo que Jesus Cristo veio trazer sobre a terra, e que desejou tão ardentemente ver brilhar nela.” – Foi este amor o fogo que inflamou os santos a fazerem grandes coisas por Deus: amar os inimigos, a desejar os desprezos, a despojar-se de todos os bens terrenos e a abraçar com alegria os tormentos e a morte. O amor não pode ficar ocioso e nunca diz: Basta. A alma que ama a Deus, quanto mais faz por seu amado, mais quer fazer ainda para mais lhe agradar e ganhar mais e mais a sua afeição.

II – O Espírito Santo acende o fogo do amor divino por meio da meditação: “Na minha meditação se acenderá o fogo.” (Sl 38,4). Se então, desejamos arder em amor para com Deus, amemos a oração; ela é a feliz fornalha em que o coração se abrasa neste ardor celeste.

Meu Deus, até aqui nada tenho feito por Vós, que tão grandes coisas fizeste por mim. Ah! Quanto a minha frieza deve mover-Vos a rejeitar-me! Peço-Vos, ó Espírito Santo: Aquecei o que está frio. Livrai-me de minha frieza e inspirai-me um grande desejo de Vos agradar. Renuncio a todas as minhas satisfações, e antes quero morrer do que Vos dar o menor desgosto. – Aparecestes sob a forma de línguas de fogo; consagro-Vos minha língua, para que não Vos ofenda mais. Ó Deus, Vós me destes a língua para Vos louvar, e dela tenho me servido para Vos ultrajar e levar os outros também a Vos ofender! Arrependo-me de toda minha alma.

Ah! Pelo amor de Jesus Cristo, que na sua vida Vos honrou tanto com a língua, faça com que de agora em diante não cesse de Vos honrar, celebrando Vossos louvores, invocando-Vos muitas vezes, falando da Vossa bondade e do amor infinito que mereceis. Amo Vos meu soberano bem; amo Vos Deus de amor. – Ó Maria Santíssima, sois Vós a Esposa fidelíssima do Espírito Santo; obtende este fogo divino.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Santa Missa em Betim/MG e Contagem/MG no mês de maio.



A Missão Sagrada Família de Betim/MG tem a alegria de informar que nos dias 28, 29 e 30 de maio teremos Santa Missa de Sempre em Betim e Contagem /MG, respectivamente, celebradas pelo Padre Cardozo.


A Missa do dia 28 de maio (quarta-feira) será celebrada as 19:30 impreterivelmente, precedida de confissão auricular na cidade de Betim/MG no seguinte endereço: Rua Maria Geralda de Oliveira, (antiga Rua 11) nº. 274, bairro Quinta dos Godoy, em Betim/MG. Telefone para contato: (31) 3596-5097.

Já as Missas em Contagem/MG serão celebradas nos dias 29 e 30 de maio (quinta e sexta-feira), impreterivelmente as 19:30, também precedida de confissão auricular para quem quiser/precisar. Esta será celebrada na casa do Sr. Walmir e Sra. Cristina, como costumeiramente, que se localiza na Rua Teodoro Fernandes dos Santos, n°. 391, bairro Riacho em Contagem/MG. Telefone para contato: (31) 3356-0563.

Aguardamos todos lá, com a graça de Deus.

Antes das Missas, rezaremos o Santo Terço.


No Coração da Virgem.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

A Vida Oculta em Nazaré

Père Garrigou-Lagrange
La Mère du Sauveur et notre vie intérieur

Maria recebe incessantemente de graça e de caridade, quando leva o Menino nos braços, O alimenta, quando recebe Suas carícias, escuta Suas primeiras palavras, o sustenta em Seus primeiros passos. O Menino, entretanto – diz São Lucas (II, 40) – crescia e se fortificava, estando cheio de sabedoria e a graça de Deus estava nele.” Quando tinha doze anos, acompanhou a Virgem Maria e São José a Jerusalém para celebrar a Páscoa, e no momento do regresso, ficou na cidade sem que seus pais percebessem. Somente no final de três dias o encontraram no Templo entre os doutores da Lei. E Ele os disse: “Porque me buscavam? Não sabiam que devo me ocupar das coisas de meu Pai? Mas eles – faz notar São Lucas, II, 50 – não entenderam o que os dizia.”

Maria Santíssima aceita na obscuridade da fé o que não podia compreender; o mistério da Redenção se irá revelando progressivamente em toda sua profundidade e extensão. Constituiu uma grande alegria o encontrar Jesus, porém esta alegria deixava pressentir muitíssimos sofrimentos.

Bossuet (1) faz estas observações, a propósito da vida oculta de Nazaré, que se prolongou até o ministério público de Jesus: “Os que se chateiam por Jesus Cristo e se envergonham por vê-lo passar a vida em tão estranha obscuridade, se chateiam também com respeito à Maria Santíssima e querem lhe atribuir inúmeros milagres. Mas escutemos o Santo Evangelho: ‘Maria guardava todas essas coisas em seu coração’ (Luc., II, 51)... Não é um emprego bastante digno este de conservar em seu coração tudo o que havia notado e visto de seu caro Filho? Se os mistérios de sua infância foram tão grato passatempo, quanto não se alegraria em ocupar se e meditar em todo o resto da vida de seu Filho? Maria Santíssima meditava em Jesus... permanecia em continua contemplação, fundindo se e derretendo se, por assim dizê-lo, em amor e desejos... Que diremos, pois, de todos esses que inventam belas lendas referentes à Santíssima Virgem? O que vamos dizê-los se a humilde e perfeita contemplação não os basta e satisfaz? Porém, se bastou a Maria e a Jesus, durante trinta anos, não foi mais que o suficiente para a Virgem continuar neste santo exercício? O silêncio da Escritura, com respeito a essa divina Mãe, é mais sublime e eloquente que todos os discursos. Ó homem, demasiado ativo e inquieto por tua própria atividade! Aprende a contentar se com escutar a Jesus em teu interior, lembrando-te Dele e meditando em suas palavras... Orgulho humano! Porque queixais tu com teu desassossego, por não ser nada no mundo? Que personagem foi Jesus nele? E entretanto, que celebridade a de Maria! Eram a admiração do mundo, o espetáculo de Deus e dos anjos! Que faziam? De que se ocupavam? Que fama tinham na terra? E tu queres ter um nome e uma posição gloriosa? Não conheces a Maria nem a Jesus! Dizes: não tenho nada que fazer; quando, em parte, a obra da salvação dos homens está em tuas mãos. Não existem inimigos que reconciliar, diferenças que eliminar, dissensões que terminar, do que disse o Senhor: ‘Tereis salvado vosso irmão’ (Mt., XVIII, 15)? Não existem miseráveis que se há de impedir que murmurem, blasfemem, se desesperem?  E quando tudo isso se tenha concluído, não resta ainda o negócio de tua salvação, a verdadeira obra de Deus para cada um de nós?”

Quando se medita na vida oculta de Nazaré, neste silêncio e progresso espiritual de Maria, e depois, por oposição, no que o mundo moderno chama com frequência de progresso, se chega a esta conclusão: nunca se falou tanto de progresso como se esqueceu do mais importante de todos, o progresso espiritual. O que aconteceu? O que tantas vezes fez notar Le Play, que o progresso inferior buscado por si mesmo, está acompanhado da facilidade do prazer, da ociosidade e descanso, de um imenso retrocesso moral até o materialismo, o ateísmo e a barbárie, como mostram muito bem as duas últimas guerras mundiais.

Em Maria, pelo contrário, encontramos a realização cada vez mais perfeita da palavra evangélica: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo teu espírito, e ao próximo como a ti mesmo” (Lc., X, 27).

Quanto mais avança, mas ama a Deus com todas as suas forças, ao ver, durante o ministério público de Jesus, como se eleva contra Ele a contradição, até a consumação do mistério da Redenção.





(1)    Elévations, XX semana, IX e X elev.