segunda-feira, 18 de março de 2013

“Comentários Eleison” CCXCVI (16 de março de 2013) :




DIGNIDADE INDIGNA

      Uma leitora argumentou em favor do Vaticano II ensinando sobre a liberdade religiosa. Com certeza vale à pena analisar os argumentos dela, mesmo que o assunto tenha frequentemente aparecido nos “Comentários Eleison”, porque é vital para os católicos de hoje que compreendam completamente a falsidade daquele ensino. O que o Concílio ensinou no parágrafo n.2 de sua Declaração Sobre a Liberdade Religiosa (Dignitatis Humanae) é que todos os homens devem ser livres de toda coerção por qualquer outro homem ou grupo de homens quando atua em privado ou em público de acordo com suas crenças.
      Ao contrário, em todo o caminho até o Vaticano II a Igreja Católica ensinou constantemente que cada Estado, ao incorporar a autoridade civil de Deus sobre as criaturas humanas de Deus, é obrigado, assim, a usar essa autoridade para proteger e favorecer a única verdadeira Igreja de Deus, a Igreja Católica do Deus Encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo. Obviamente, Estados não-católicos serão condenados mais por sua falta de fé do que por não proverem proteção civil a essa fé. Além disso, Estados Católicos podem evitar proibir o culto público das falsas religiões onde tal proibição causará mais dano do que bem para a salvação das almas dos cidadãos. Mas o princípio se mantém intacto: os Estados de Deus devem proteger a verdadeira religião de Deus.
      De fato, o ensino Conciliar implica tanto que os Estados não são de Deus, ou que não há nenhuma verdadeira religião de Deus. De qualquer modo, isso está implicitamente liberando o Estado de Deus, e então pondo a liberdade do homem acima dos direitos de Deus, ou, simplesmente, o homem acima de Deus. Por isso o Arcebispo Lefebvre disse que o ensino Conciliar era blasfemo. E não adianta dizer que os outros parágrafos da DH contêm bons ensinamentos católicos. Um corte do iceberg foi o bastante para afundar o Titanic. Somente o item 2 da DH é o bastante para afundar a doutrina católica. Mas vejamos os argumentos em defesa do ensino do Concílio.
      A DH é parte do Magistério Ordinário da Igreja, que deve ser levado seriamente.
     A DH veio dos Magisters da Igreja, ou mestres, sim, mas não do Magistério Ordinário Infalível, porque a DH contradiz o ensino tradicional da Igreja, como mostrado acima.
      2  A DH simplesmente deixa claro os direitos humanos, que são concedidos pela lei natural.
      A lei natural coloca os direitos do homem abaixo, e não acima dos direitos de Deus.
      3  A DH não nega o modelo católico para as relações Igreja-Estado.
      Isso ela certamente faz! O parágrafo n.2 libera o Estado de sua obrigação essencial para com a única verdadeira Igreja.
     4  A DH é escrita no contexto do mundo moderno onde todos acreditam nos direitos humanos.
      Desde quando a Igreja deve ser adaptada ao mundo, e não o mundo à Igreja?
      5  A DH não ensina que o homem tem o direito de errar.
      Se o Estado de Deus é obrigado a conceder o direito civil de praticar em público as falsas religiões, então está se fazendo com que Deus deva garantir o direito ao erro.
      6. A DH  é um apelo para que os governos modernos concedam metade de um pão, que é melhor do que nenhum pão.
      A verdadeira doutrina católica é tão lógica e tão coerente que dar algo disso é dar tudo disso. E qual ovelha salva a si mesma se entregando ao lobo?
      Os católicos não devem fugir do mundo moderno para um gueto doutrinário.
      Os católicos devem fazer o que quer que tenham que fazer, ir para onde quer que tenham que ir, para não abandonar os direitos de Deus e não comprometer a sua honra. Se isso significa o martírio, então que seja!
           
      Kyrie eleison.

Fonte: http://spessantotomas.blogspot.com.br/2013/03/comentarios-eleison-ccxcvi-16-de-marco.html

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