“Se falei mal, prova-o,
mas se falei bem, por que me bates?” (São João XVIII,23)
Por Geovanne Maria Moreira.
Prezados amigos,
Salve Maria!
Assistimos estarrecidos a
visita do Papa Francisco ao Brasil,
suas declarações midiáticas, controversas e divorciadas do catolicismo. A dita
Jornada Mundial da Juventude, que todos nós sabemos ser um evento não-católico,
só deixou desolação na Terra de Santa Cruz, aos católicos, e muita euforia e
festa aos dissidentes do catolicismo.
Muito bem. A cada
declaração de Francisco, dever-se-ia tapar os ouvidos e, quando não, os olhos.
Não temos e nunca tivemos tempo de acompanhar cada frase do Bispo de Roma (sic!), entretanto,
ouvimos, após dada entrevista no Programa
Fantástico, na TV Rede Globo de Televisão em 28 de julho do ano corrente, o
vídeo do Sumo Pontífice em que era entrevistado por um jornalista.
Foram feitas algumas
perguntas à Francisco e, muito claudicante, responde algumas perguntas às
evasivas: “Não sei”, “não conheço as causas” e etc...
Uma das perguntas que lhe
fora dirigida é sobre o êxodo de católicos
ao protestantismo, nos últimos anos. Francisco diz, sinceramente, não saber a
causa do êxodo de católicos para o
protestantismo. Ora! Esta causa é tão clara, tão evidente e tão elementar que
qualquer um saberia responder, entretanto, o Sumo Pontífice (sic!) diz não saber a causa desta aberração.
Pois bem! Se o Papa não arriscou um palpite, lá vamos nós:
Como é do conhecimento de
todos os leitores deste singelo blog, na década de 60, houve o II Concílio no
Vaticano quando foi inaugurada uma nova religião, onde o homem se fez deus em
detrimento do Deus que se fez Homem. O humanismo proposto pelo Concílio
Vaticano II que desembocou no antropoteísmo pode ser visto claramente no “Discurso
do Papa Paulo VI na última sessão pública do Concílio Vaticano II” onde o
aludido Papa deixa clara a finalidade do famigerado Concílio:
“Vós, humanistas do nosso
tempo, que negais as verdades transcendentes, dai ao Concílio ao menos este
louvor e reconhecei este nosso humanismo novo: também nós — e nós mais do
que ninguém somos cultores do homem.”
(grifos nossos)
A receita está dada: O
homem tomou o lugar de Deus e o Criador ficou esquecido pelo homem e as
conseqüências disso foram – e estão sendo – trágicas! O homem agora é o centro
do Universo. É ele quem deve ser cultuado e por estas e outras que agora, a missa tem de ser rezada “na língua do povo”, “de frente para o povo”, “explicada para o povo”. É por isso que para haver
missa nas paróquias, hoje, é preciso ter quorum.
Muito bem. Como agora o
homem é o centro do Universo, o homem tem de se sentir bem, independentemente
que isso cause dano à sua alma ou mesmo ofenda ao seu Criador. O
sentimentalismo e o subjetivismo tomou conta da Igreja e agora, não interessa
mais o que se dizia aos seus avós e seus pais. O que interessa agora é o que o
homem sente. Se ele se sente bem no paganismo, ótimo! Se ele se sente bem no
Catolicismo, ótimo também! O que interessa é que o homem se sinta bem.
Dito isso, agora o homem
pode escolher livremente a sua religião (vide Dignitatis
Humanae) como um direito natural
do homem, o que não é verdade. Agora não existe mais combate ou apologética
contra as outras religiões. A Nostra
Aetate diz que :
A Igreja católica nada
rejeita do que nessas religiões [hinduísmo e budismo] existe de verdadeiro e
santo. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e
doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria
segue e propõe, todavia, refletem não raramente um raio da verdade que ilumina
todos os homens.
Então, vejamos: para que combater o erro? Para
que fazer missões? Para que catequizar os homens? Para que batizar e receber os
sacramentos? Este “ecumenismo” às avessas simplesmente minou qualquer tipo de
missão na Igreja desde 1.970 e é por isso que, conforme narra o Papa Francisco no vídeo abaixo que “um
lugar ficou mais de 20 anos sem que um sacerdote fizesse visitas regulares”
(11:54min). Para que levar sacramentos ao povo se se pode encontrar elementos
de santificação em outras religiões?
Francisco nos conta um
caso em que, uma senhora se queixava porque não recebia a visita de um
sacerdote por quase vinte anos e que, entretanto, conservou a fé católica
expressa numa imagem da Virgem que ela guardava escondida em um armário.
Observando o estado de
calamidade em que a Igreja se encontra hoje, chegamos à conclusão de que esta
senhora somente guardou a fé justamente porque não tinha nenhum sacerdote por
perto.
Nosso Senhor, que não era
nada ecumênico, é muito claro ao dizer que: “Quem crer e for batizado será
salvo, mas quem não crer será
condenado”. (São Marcos XVI,16). Essa verdade, os ecumenistas do
Concílio não pode apagar das Escrituras!
Voltemos ao tema do êxodo
de católicos ao protestantismo: É cediço que o protestantismo é uma religião que trabalha com o emocional e
com os sentimentos dos seus sequazes. Com isso, já que vivemos no mundo do
sentimento e não da razão, o que vale agora é o que o homem sente. Se ele sente
no seu coração a vontade de ofender a Deus, ótimo! Se ele sente vontade no seu
coração de ser fiel ao seu batismo, ótimo também!
O subjetivismo imperou na
nova religião inaugurada em 1962. Não interessa ao “católico” o que diz a Igreja. Agora interessa o que ele pensa a
respeito do que a Igreja ensina. Mas a culpa geral não é dos católicos e sim daqueles que enxertaram
nas mentes daqueles as inverdades a respeito da Religião e/ou daqueles que não
tiraram estes espinhos.
Os padres já não ensinam
mais a Doutrina de sempre, visto que a doutrina que se ensina hoje está
maculada pelo Modernismo que é a
síntese de todas as heresias. Hoje, nota-se padres negando Dogmas de Fé e
os bispos não movem uma palha para puni-los no rigor da Lei Eclesiástica. Hoje
vê-se bispos negando Dogmas de Fé e o Papa
não os repreende. Hoje vê-se altos
prelados da Cúria Romana negando Dogmas de Fé e fica tudo isso por isso
mesmo. É preciso resistir a isso tudo!
Santa Catarina de Sena
explica, Santo Padre, o porquê do êxodo de católicos
ao protestantismo. A Santa nos diz que: “Por causa dos maus pastores, maus são
os súditos”. Se existem maus católicos que se debandam ao protestantismo a
culpa não é nada mais, nada menos que dos pastores.
Com a mudança do conceito
de Missa (agora Missa é puramente banquete, reunião de irmãos, encontro de
amigos, festa, celebração festiva) e com a mudança do conceito de Padre (agora padre é o animador, presidente da
celebração, e etc), não se vê muito claro a diferença entre um culto
protestante e uma Missa (Nova). Isso sem falar nos elementos protestantes que
os carismáticos injetaram na missa.
Não há que se estranhar que um católico hoje não perceba a diferença entre a Missa fabricada por
Paulo VI e um culto protestante luterano porque se formos olhar a fundo,
esta diferença se existe, é mínima.
O Papa diz sobre o êxodo de católicos
ao protestantismo: “Não conheço as causas e tampouco conheço as porcentagens”
(10:15 do vídeo). Pois bem. Apresentamos bem aleatoriamente ao Papa Francisco algumas possíveis causas
e agora apresentaremos as estatísticas.
Segundo
o IBGE, em 1.872 o número de católicos no Brasil era de 99,7%, contra 0,3
de outras religiões. Na década de 1.950, éramos 93,1 contra 4% de protestantes,
enquanto que em 2.010 o número de católicos reduziu para 64,6% e o número de
protestantes aumentou para 22,2% e os “sem religião” aparece como 8% dos
entrevistados (vejam outras estatísticas aqui).
Ai estão as estatísticas!
Fonte do quadro: Terra
Mas, o tema deste artigo
não é a migração de católicos ao protestantismo e sim a contradição de
Francisco com Pio XI, isso para não dizer a
negação da Tradição Católica em face do subjetivismo e do humanismo praticado
nos últimos tempos. O que queremos destacar neste artigo é a última
pergunta do repórter ao Papa
Francisco que pode ser acompanhada a partir do 26:30 minuto da entrevista:
“- O que o senhor falaria
para os brasileiros católicos, mas também para os brasileiros que não são
católicos – ou seja, de outras religiões”.
“-Creio que é preciso
estimular uma cultura do encontro em todo o mundo. No mundo todo. De modo que
cada um sinta a necessidade de dar à humanidade os valores éticos de que a
humanidade necessita. E defender esta realidade humana. Nesse aspecto, acho que
é importante que todos trabalhemos pelos outros, podar o egoísmo. Um trabalho
pelos outros segundo os valores da sua fé. Cada religião tem as suas crenças.
Mas dentro dos valores de sua própria fé, trabalhar pelo próximo. E nos
encontrarmos todos para trabalhar pelos outros. Se há uma criança que tem fome,
que não tem educação o que deve nos mobilizar é que deixe de ter fome e que tenha
educação. Se essa educação virá dos católicos, dos protestantes, dos ortodoxos
ou dos judeus, não importa. O que importa é que o eduquem e saciem a sua fome.
Temos que chegar a um acordo quanto a isso. Hoje a urgência é de tal ordem que
não podemos brigar entre nós, à custa do sofrimento alheio. Primeiro trabalhar
pelo próximo, depois conversar entre nós com muita grandeza, levando em conta a
fé de cada um buscando nos entender. Mas, sobretudo, hoje em dia urge a
proximidade. Sair de si mesmo para solucionar os tremendos problemas mundiais
que existem. Acredito que as religiões, as diversas confissões, não podem
dormir tranqüilas enquanto exista uma única criança que morra de fome, uma só
criança sem educação. Um só jovem ou idoso sem atendimento médico. Mas o
trabalho das religiões, das confissões não é beneficência. É verdade. Mas, pelo
menos na nossa fé católica e em outras fés cristãs vamos ser julgados por estas
obras de misericórdia.”
É isso mesmo que os
senhores leram! Vamos por parte porque é muita informação ao mesmo tempo. Francisco inicia a resposta dizendo:
“Creio que é preciso estimular uma cultura
do encontro em todo o mundo. No mundo todo. De modo que cada um sinta a necessidade de
dar à humanidade os valores éticos
de que a humanidade necessita.”. Ora! Só quem pode dar à humanidade os valores
éticos que a humanidade precisa é a Igreja Católica Apostólica Romana! É Ela
quem detém o Depósito da Fé, “coluna e sustentáculo da verdade”. (I Timóteo
III,15). Não é necessário miscelânea de religiões para que o tal encontro dê os valores éticos à
humanidade. Basta que se abram os catecismos e está tudo lá!
Foi a Igreja quem
civilizou todo o Ocidente sem precisar se unir a várias religiões. A Igreja
catequizou toda a América, África, e os demais continentes, sem a ajuda de outras religiões.
Foi a Igreja quem criou os
hospitais, os orfanatos, as universidades, as escolas, a moral. Muitos
ordenamentos jurídicos de muitos países surgiram do Código de Direito Canônico
e de outras Leis da Igreja. A Igreja foi a grande construtora da civilização.
Tudo o que temos hoje, devemos à Ela e não à outras religiões. É uma ingratidão
sem limites, sem precedentes, descomunal, dizer que precisamos nos unir à
outras religiões para “dar à humanidade os valores
éticos de que a humanidade necessita”. Isso já foi dado, basta colocar
em prática!
O Papa continua: “Um trabalho pelos outros segundo os valores da sua
fé. Cada religião tem as suas crenças. Mas dentro dos valores de sua própria
fé, trabalhar pelo próximo”.
Francisco, ao contrário de
Nosso Senhor, não chama ninguém à conversão. Antes o contrário: Protesta para
que cada um permaneça na sua crença, na sua fé, contanto que se trabalhe pelo
próximo. O primeiro mandamento da Lei de Deus diz: “Amar a Deus sobre todas as
coisas”. Em outra parte Nosso Senhor diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
pensamento; e a teu próximo como a ti mesmo”. (São Lucas X,27). É o que se
aprende nos catecismos. Primeiro deve-se amar a Deus e, por amor à Deus, amar o nosso próximo. Como eu digo que amo
a Deus se não quero o triunfo da Sua Santa Religião? Como eu digo que amo o meu
próximo se não faço nada para que ele vá para o céu? Porque o verdadeiro amor,
o amor dos Evangelhos, a verdadeira caridade consiste em fazer de tudo para que
o meu próximo vá para o céu.
Prossegue o Papa: “Cada religião tem as suas
crenças. Mas dentro dos valores de sua própria fé, trabalhar pelo próximo. E nos encontrarmos todos para trabalhar
pelos outros”. Muito obrigado pelo convite, Santo Padre, mas o Papa Pio
XI, na Carta
Encíclica Mortalium Animos, nos proíbe terminantemente de misturar a nossa
fé com a fé alheia, seja para qual finalidade for, excetuando, é claro, se for para a conversão dos não-católicos.
Francisco continua com a
sua fé natural, horizontal, dizendo
que: “Se há uma criança que tem fome, que não tem educação o que deve nos
mobilizar é que deixe de ter fome e que tenha educação. Se essa educação virá
dos católicos, dos protestantes, dos ortodoxos ou dos judeus, não importa. O
que importa é que o eduquem e saciem a sua fome”. Nosso Senhor, ao contrário de
Francisco, nos diz que “pobres vós tereis sempre convosco” (São Mateus XXVI,11).
Esta igualdade
quimérica, condenada por São Pio X fica patente nas palavras de Francisco.
O Sumo Pontífice Pio XI,
na Carta
Encíclica Mortalium Animos, nos adverte que
Por isto costumam realizar
por si mesmos convenções, assembléias e pregações, com não medíocre freqüência
de ouvintes e para elas convocam, para debates, promiscuamente, a todos: pagãos
de todas as espécies, fiéis de Cristo, os que infelizmente se afastaram de
Cristo e os que obstinada e pertinazmente contradizem à sua natureza divina e à
sua missão.
3. Os Católicos
não podem aprová-lo
Sem dúvida, estes esforços
não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se
fundamentam na falsa opinião dos que julgam que quaisquer religiões são, mais
ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam
e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual
somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império.
Erram e estão enganados,
portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira
religião, eles repudiam-na e gradualmente inclinam-se para o chamado
Naturalismo e para o Ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os
que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da religião
divinamente revelada.
As Escrituras nos alertam: “Se alguém vier a vós sem trazer esta
doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis. Porque quem o saúda toma
parte em suas obras más.” (II São João I,10,11).
Santo Agostinho já dizia: “Um homem cristão é católico enquanto
vive no Corpo; decepado deste torna-se um herege. O Espírito não segue um
membro amputado.”
São Tomás de Aquino nos diz:
“Por duas
razões não se deve manter relações com os
hereges. Primeiramente, por causa da excomunhão, pois, sendo
excomungados, não se deve ter relações com eles, da mesma maneira que com os
outros excomungados. A segunda razão é a heresia. – Em
primeiro lugar, por causa do perigo, para que as relações com eles não venham a
corromper os outros, segundo aquilo da primeira epístola aos
Coríntios (15, 33): ‘As más conversações corrompem os costumes’. E
em segundo lugar para que não pareça se prestar algum assentimento às suas
doutrinas perversas. Daí dizer-se na segunda epístola canônica
de S. João (v. 10): ‘Se alguém vier a vós e não trouxer esta doutrina, não o
recebais em vossa casa, nem o saudeis, pois o que o saúda toma parte em suas
más obras’. E aqui a Glosa comenta: ‘Já que para
isso foi instituída, a palavra demonstra comunhão com esse tal: de outro modo
não seria senão simulação, que não deve existir entre cristãos’.
Em terceiro e último lugar, para
que nossa familiaridade [com eles] não dê aos outros ocasião de errar. Por isso, outra Glosa comenta a
respeito dessa passagem da Escritura: ‘E
se acaso vós mesmos não vos deixais enganar, outros todavia, vendo vossa
familiaridade [com os hereges], podem enganar-se, acreditando que esses tais
vos são agradáveis, e assim crer neles. E uma terceira Glosa
acrescenta: ‘Os
Apóstolos e seus discípulos usavam de tanta cautela em matéria religiosa, que
não sofriam sequer a troca de palavras com os que se haviam afastado da verdade’.
Entende-se, porém: excetuado
o caso de alguém que trata com outro a respeito da salvação, com intuito de
salvá-lo”. Quaestiones quodlibetales, quodlibeto
10, q. 7, a. 1 (15), c.
Francisco insiste em
colocar o homem como centro e acima de todas as coisas afirmando que: “Hoje a
urgência é de tal ordem que não podemos brigar entre nós, à custa do sofrimento
alheio. Primeiro trabalhar pelo
próximo, depois conversar entre nós com muita grandeza, levando em
conta a fé de cada um buscando nos entender.”. Veja como é linear e horizontal
o seu pensamento: Primeiro trabalhar pelo próximo, depois à Deus, se tivermos
tempo. Ficou invertido o primeiro Mandamento da Lei de Deus e o imperativo de
São Lucas X,27. Em tudo o Homem tem de vir primeiro, depois, Deus. Em nome do
Homem, jogamos por terra toda a Escritura, todos os ensinamentos dos Santos e
dos Papas a respeito da salvação só sendo possível na Igreja, anulamos os
Dogmas Católicos e derrogamos os Mandamentos da Lei de Deus.
O Papa Pio IX, a respeito
da caridade para com os não-católicos, nos diz que: “Longe esteja de todos os
filhos da Igreja hostilizar a quem não for ligado conosco pelos laços de fé e
da caridade. Com caridade de cristãos socorram os acatólicos em sua pobreza, em
suas doenças e necessidades. Mas, antes de tudo, façam o possível para
arrancá-los de seus erros, e reconduzi-los à verdade católica e à carinhosa
Madre Igreja” (Denzinger, 1678) apud Pe. Johannes Peter Junglas, A Igreja,
Vozes, 1934, p.48.
Em apenas dois minutos
(isso sem falar nos minutos antecedentes), Francisco destruiu o Reinado Social
de Nosso Senhor Jesus Cristo igualando as religiões ao Catolicismo. A Carta Encíclica
Quas Primas do Papa Pio XI foi simplesmente anatematizada por Francisco com este discurso relativista.
Nosso Senhor disse: “Está
escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de
Deus” (São Mateus, IV,4). É preciso nutrir a alma das crianças com a Palavra
que sai da boca de Deus. É preciso solidificar a fé nas famílias. É preciso
combater o divórcio,
o aborto,
a imoralidade,
e tantas outras coisas. É disto que os brasileiros estão sedentos! De combate!
É preciso batizar as crianças, educá-las na fé católica para elas irem para o
céu. É preciso levar os Sacramentos aos necessitados, aos enfermos, aos
encarcerados, aos distantes, sem proselitismo
político, é disso que o povo precisa.
Por fim, Francisco termina
a entrevista dizendo: “na nossa fé católica e em outras fés cristãs vamos ser julgados por estas obras de
misericórdia.” Vamos lá! Então, primeiro, vamos falar sobre as Obras de
Misericórdia, porque muita gente não sabe o que é isso. O Catecismo
de São Pio X nos diz:
Quais são
as boas obras de que se nos pedirá conta particular no dia do Juízo?
As boas
obras de que se pedirá conta particular no dia do Juízo são as obras de
misericórdia.
Que se
entende por obra de misericórdia?
Obra de
misericórdia é aquela com que se socorre o nosso próximo nas suas necessidades
corporais ou espirituais.
Quantas
são as obras de misericórdia?
As obras
de misericórdia são catorze: sete corporais e sete espirituais, conforme são
corporais ou espirituais as necessidades que se socorrem.
Quais são
as obras de misericórdia corporais?
As obras
de misericórdia corporais são:
1ª Dar de
comer a quem tem fome;
2ª Dar de
beber a quem tem sede;
3ª Vestir
os nus;
4ª Dar
pousada aos peregrinos;
5ª
Assistir aos enfermos;
6ª
Visitar os presos;
7ª
Enterrar os mortos.
Quais são
as obras de misericórdia espirituais?
As obras
de misericórdia espirituais são:
1ª Dar
bom conselho;
2º
Ensinar os ignorantes;
3ª
Corrigir os que erram;
4ª
Consolar os aflitos;
5ª
Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer
com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar
a Deus por vivos e defuntos.
Então, vejamos: faz parte
das obras de misericórdia corporais dar de comer a quem tem fome, dar de beber
a quem tem sede, vestir os nus e etc... Isso é verdade. Mas, deve-se fazer tudo
isso por amor a Deus e não
por amor ao Homem, senão, a Igreja vira (se é que já não virou) uma entidade
filantrópica onde o Homem é o centro do Universo e Deus, um mero acessório.
Agora, vejamos, seremos também julgados pelas obras de misericórdia espirituais:
dar bons conselhos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os
aflitos. E, por falar em Obras de Misericórdia, a que mais temos exercitado
ultimamente com relação ao Papa Francisco
é “sofrer com paciência as fraquezas
do nosso próximo”.
Pois bem, meus amigos, o
que devemos fazer agora? Resistir! Não há outra ordem para esta batalha. Mas
resistir ao Papa? Sim! Muitos santos,
para permanecer santos, assim o fizeram: resistiram aos maus papas.
No artigo A
Missa Nova, um caso de consciência, a União Pia dos Padres Tradicionalistas
de Campos/RJ, sob a direção de Dom Antônio de Castro Mayer, elenca vários
exemplos de resistência de fiéis e de prelados aos maus papas. Tomamos a
liberdade de reproduzir abaixo os exemplos citados pelo bispo:
Papa
Inocêncio III: “Somente pelo pecado que cometesse em matéria de fé, poderia eu
ser julgado pela Igreja” (“Sermo IV in cons . Pont.” P.L 217, 670).
“Decretum”
de Graciano: “o Papa (...) por ninguém deve ser julgado, a menos que se afaste
da fé” (Pars I, dist. 40 cap VI, Cânon “Si Papa”).
Papa São
Leão II: “Anatematizamos (...) Honório (Papa), que não ilustrou esta Igreja
apostólica com a doutrina da tradição apostólica, mas permitiu, por uma traição
sacrílega, que fosse maculada a fé imaculada” (...) e “não extinguiu, como
convinha à sua autoridade apostólica, a chama incipiente
da
heresia, mas a fomentou por sua negligência” (Denz.-Sch. 563 e 561).
Papa
Adriano II: “Honório foi anatematizado pelos orientais, mas deve-se recordar que ele foi acusado de heresia, único crime que
torna legítima a resistência dos inferiores aos superiores, bem como a rejeição
de suas doutrinas perniciosas” (grifos nossos)
Conforme podemos
verificar, o Papa Francisco não
contrariou apenas o Papa Pio XI, como sugere o título deste artigo. Aqui não
entramos em questões de alto nível teológico, apenas constatamos algumas
impropriedades na entrevista do Papa
Francisco concedida a Rede Globo de Televisão.
Como
distinguir a Verdade Católica do erro? É preciso que saibamos o Catecismo
de cor, a fim de que, ao ouvir qualquer coisa da boca dos prelados e até mesmo
do Papa, saibamos distinguir se o que
dizem é católico ou não. É preciso ensinar as nossas crianças o Catecismo,
batizá-las, educá-las na fé católica que as salvará.
Não esgotamos o tema e não
foi esta a nossa intenção. Isso foi apenas uma breve e bem superficial análise dos
últimos dois minutos da entrevista do Papa
Francisco. Muita coisa se tem a dizer. O tempo é curto, o espaço é curto, as
linhas são poucas e a nossa inteligência mais ainda.
Abaixo, o vídeo para quem
ainda não assistiu...
“…é dever do rebanho,
primeiro, defender-se. Normalmente, a doutrina flui dos Bispos para o povo
fiel, e os súditos não devem julgar os seus chefes. Mas, no tesouro da
Revelação, existem certos pontos que cada Cristão necessariamente conhece, e
deve obrigatoriamente defender” (D. Prosper Gueranger, L’année liturgique
– Le temps de la septuagesime, Tours: Maison Mame, 1932, pp. 340-341).
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