O Cristo sem rosto e o culto à feitura, em Betim/MG.
Geovanne Moreira.
“Restaurai-nos, Senhor, ó
Deus dos exércitos; mostrai-nos serena a vossa face e seremos salvos”. (Sl
79,20)
Prezados amigos,
Salve Maria!
Os fiéis católicos da
cidade de Betim/MG a cada ano que passa, são contemplados com um suposto
presépio que é montado no largo da Igreja Matriz da Paróquia de Nossa Senhora
do Carmo.
Trata-se de um horroroso
conjunto de personagens anônimos que pretendem prefigurar a cena do nascimento
do Divino Redentor. Conforme se denota das fotografias colacionadas abaixo, as
esculturas feitas de barro querem representar o presépio do Menino Jesus.
Porque “horroroso conjunto
de personagens anônimos”? Primeiro que, é horroroso porque não se encontra a
beleza neles. Conjunto porque se amontoou imagens que não se identifica o seu
contexto e anônimos porque simplesmente, as esculturas não têm rostos. É isso
mesmo. As esculturas que, teoricamente, prefiguram o presépio do Menino Deus
simplesmente não têm rostos. Depois do “deus
sem religião” do Papa Bergoglio, agora é a vez do Cristo sem rosto.
A cultura do feio tem
tomado o lugar do antigo “culto ao belo”. Hoje dá-se preferência às coisas que
antigamente se desprezava pela sua falta de beleza e, consequentemente, causava
pavor a quem tentasse contemplar.
Muitos dirão que o
conceito de belo e feio é subjetivo e, portanto, o imperialismo do achismo deve ser conservado intacto. Para
desmistificar esta tese de que o conceito de belo é subjetivo, antes, é preciso
se esclarecer o que é feio e o que é o belo.
Santo Tomás de Aquino nos
ensina que o belo é aquilo que agrada a visão (pulchrum est id quod visum placet). O senso de belo só pode ser
apreendido pelo homem porque detém a racionalidade em si. Tendo vista que a
afirmação de belo é uma ação racional e se faz pelo juízo de consciência, os
animais irracionais não podem ter senso de beleza, embora tenham visão das
coisas.
O filósofo Regis Jolivet
diz que: “a beleza é objeto de inteligência ou de conhecimento intuitivo,
enquanto resulta de condições que não são acessíveis, senão à inteligência.
Essas condições são: a integridade do objeto, a proporção ou unidade na
variedade, enfim, a clareza ou resplendor da inteligibilidade.” (Curso de
filosofia. 20.ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998, p. 338)
Pela integridade do
objeto, deve-se entender o acabamento, a finalização da arte e as suas partes
concatenadas.
A proporção trata-se da
harmonia das partes.
A clareza - Santo Tomás de
Aquino chama de claritas - que se é
exigida advém da beleza do objeto deleitável. Assim como os olhos carnais
necessitam de luz para que se contemple algo, da mesma forma, é preciso que a
alma tenha uma centelha de luz que se reflete no objeto a ser contemplado como
belo e dele provenha.
A beleza divina está,
misteriosamente, presente na beleza das coisas, a priori na natureza e a
posteriori nas artes.
Santo Agostino diz que a beleza é um conjunto harmonioso, isto é, com a unidade, número, igualdade e ordem.
Para se ter um conceito de
feio, sem adentrar nas questões filosóficas, basta negar ou contrariar tudo o
que foi dito.
Pois bem, o conceito de
beleza não pode ser subjetivo porque o belo se encerra na coisa em si e não nos
olhos de quem se deleita no objeto. Se o objeto a ser contemplado possui uma
proporção, integridade e a clareza em si mesmo, é belo, caso negativo, é feio.
Passemos a analisar as
figuras que enfeitam (para não dizer enfeiam) a Matriz de Nossa Senhora do
Carmo, em Betim/MG.
As figuras não tem face,
não tem olhos, bocas, narizes, são anônimas. A suposta criança que se deita
numa bacia de barro que me parece prefigurar o Menino Jesus está em condições
piores aos animais constantes no presépio. Comparando as figuras, os animais
têm mais feições e são mais expressivos que os personagens sagrados.
Os personagens carecem de
integridade material, de proporção e clareza. Isso é inegável!
A feiura que se apossou da
figura do Menino Deus no presépio da Igreja do Carmo parece-me querer
transpassar justamente o modernismo reinante. Um menino sem origem, sem face,
inexpressivo, um Cristo sem rosto, sem choro, sem riso e sem raiva. É o típico Cristo pintado pelos modernistas. Um
Cristo, literalmente, moldado ao bel-prazer do homem moderno.
Enquanto que no Livro dos
Salmos, o salmista suplica a Deus que nos mostre a sua face para sermos salvos,
(Sl 79,20) as esculturas do suposto presépio
da Igreja do Carmo de Betim/MG não tem face. Os seus idealizadores não querem
saber da face divina, porque a face divina é face de Justiça, é face de
punição, é face severa.
As Sagradas Escrituras nos
dizem: “Porque Deus que disse: Das trevas brilhe a luz, é também aquele que fez
brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do
esplendor de Deus, que se reflete na
face de Cristo”. (II Coríntios 4,6)
Agora Cristo não tem mais
face. O Cristo inexpressivo criado pelos modernistas agrada a todos. Este falso
cristo é aquele que foi previsto pelo Filho de Deus.
A face divina causa
alegria nos justos que contempla, entretanto, não há mais faces a se
contemplar: “Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, e me encherás de alegria
com a visão de tua face (Sl 15,8-11)”. (Atos dos Apóstolos 2,28)
Na narrativa da Paixão do
Cristo Católico o Texto Sagrado enfatiza as bofetadas e as cusparadas que Ele
recebe no rosto, hoje, apagaram os rostos das imagens, esqueceram da face do Filho
de Deus humilhada, ultrajada e injuriada pelos homens.
Enquanto que a Irmã Lúcia
de Fátima quando vê a Virgem diz que Ela tem a face mais brilhante que o sol, a
figura que supostamente simbolizaria a Virgem no presépio da Igreja do Carmo
nem face tem.
É triste ver quanta gente
que passa pelo centro da cidade pára para contemplar coisas tão estranhas e
figuras não-católicas. É triste ver que o belo está sendo sepultado debaixo dos
nossos olhos e triunfando o culto do feio.
Que Deus e a Virgem nos ajudem a bem viver nesta vida, cumprindo os seus mandamentos
para um dia, com a graça divina, contemplar a face de Deus.
“Eles sofrerão como
castigo a perdição eterna, longe da face do Senhor, e da sua suprema glória”. (II
Tessalonicenses 1,9)
Clique nas fotos para ampliá-las.
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