Novena ao Divino Espírito Santo
Meditações de Santo Afonso de Ligório - Tomo II
Segundo dia - Sábado
Ilumina
meus olhos, para que eu não durma jamais na morte. (Sl 12, 4)
Um dos maiores males
que nos causou o pecado de Adão, é o obscurecimento de nossa razão pelos
efeitos das paixões que nos ofuscam o espírito. Ora, o ofício do Espírito Santo
é exatamente dispersar as trevas do pecado e ao mesmo tempo fazer nos conhecer
a vaidade do mundo, a importância da salvação eterna, o valor da graça e o amor
imenso que Deus merece pela sua bondade e misericórdia. Se queremos ser
iluminados, recorramos muitas vezes ao divino Paráclito.
I – Um dos maiores
danos que nos causou o pecado de Adão, é o obscurecimento da nossa razão pelo
efeito das paixões que nos ofuscam o espírito. Mui desgraçada é a alma que se
deixa dominar por alguma paixão! A paixão é uma nuvem, um véu, que nos impede
de ver a verdade. Como pode fugir do mal aquele que não o conhece? E este
obscurecimento da nossa razão aumenta em proporção ao número de nossos pecados.
Mas o Espírito Santo é
também chamado Lux Beatíssima, Luz
beatíssima, com seus esplendores divinos, não só abrasa nosso coração em seu
santo amor, como também dissipa as nossas trevas e nos faz conhecer a vaidade
dos bens terrenos, o valor dos eternos, a importância da salvação, o preço da
graça, a bondade de Deus, o amor infinito que Ele merece e o imenso amor que
nos tem.
“O
homem animal não percebe as coisas que são do Espírito de Deus.” (I Cor 2,14). O
homem chafurdado no lamaçal dos prazeres mundanos pouco percebe as verdades da
fé. Eis porque o infeliz tem amor ao que devia odiar, e odeia ao que diva amar.
Santa Maria Madalena de Pazzi exclamava: O
amor não é conhecido! O amor não é amado! Santa Teresa dizia igualmente que
Deus não é amado porque não é conhecido. Os santos pediam a Deus sem cessar luz
e mais luz: enviai Vossa luz; dissipai minhas
trevas; abri meus olhos, porque, sem sermos esclarecidos, não podemos
evitar o abismo nem encontrar a Deus.
II – Como fruto desta
meditação tomemos a resolução de invocar várias vezes o Espírito Santo nas
dificuldades que encontramos não somente nos negócios espirituais da alma, mas também
nas corporais, especialmente nas de mais graves consequências. Lembremo-nos,
porém, que Deus não nos comunicará suas luzes sempre imediatamente; as mais das
vezes se servirá, para tal fim, dos nossos superiores e pais espirituais que
ele deixou como seus representantes na terra: “Quem vos ouve a mim ouve. Quem vos despreza, a mim despreza.” (Lc 10,16).
Santo e divino
Espírito, creio que sois verdadeiramente Deus e que é só com o Pai e o Filho. Adoro-Vos
e reconheço-Vos como autor de todas as luzes com as quais me fizeste conhecer o
mal que fiz ofendendo-Vos, e quanto sou obrigado a amar-Vos. Vou dou graças e
me arrependo sumamente de Vos ter ofendido. Merecia que me abandonasses em
minhas trevas, mas veja que ainda não me abandonaste.
Ó Espírito eterno,
continuai a esclarecer-me e fazei-me conhecer sempre melhor Vossa bondade
infinita e dê-me força para Vos amar no futuro de todo meu coração. Ajuntai graça
a graça, para que eu fique docemente unido a Vós e obrigado a amar senão a Vós.
Eu Vo-lo suplico pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amo-Vos ó meu
soberano bem, amo-Vos mais que a mim mesmo. Quero ser todo Vosso; recebei-me e
não permitais que me separe de Vós. – Ó Maria, minha Mãe, assisti-me sempre com
Vossa intercessão.
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