INTRODUÇÃO:
AS ORIGENS DO ROMANTISMO
É bem conhecida nos ambientes universitários mais desenvolvidos a relação entre Romantismo e a Gnose. Os trabalhos de Ernst Benz (Les Sources Mystiques de la Philosophie Romantique Allemande, Vrin,Paris 1968), de Auguste Viatte (Les Sources Occultes du Romantisme, Honoré Champion, Paris, 1979),de Albert Begin (L ‘Âme Romantique et le Rêve), G. Gusdorff (Le Romantisme, Payot , Paris, 1983-1993),entre outros, mostraram bem as fontes gnósticas esotéricas, e cabalistas do Romantismo através das obras místicas de Jacob Boehme.
No Brasil, a coletânea de ensaios sobre o Romantismo elaborada por J. Guinsburg, -- O Romantismo (Perspectiva, São Paulo 1972), assim como as obras de Massaud Moisés são fontes excelentes para se conhecer o fundo religioso do Romantismo.
Examinando-se a questão pelo lado da Gnose, as obras de Simone de Pétrement, de Denis de Rougemont, e de muitos outros especialistas demonstram como o Romantismo é uma manifestação da Gnose antiga. Para um exame mais completo da bibliografia quer, do lado do Romantismo, quer do lado da Gnose, que se nos permita indicar a lista bibliográfica constante de nossa tese de Doutoramento sobre Romantismo, Cabala e Esoterismo, aprovada pela USP, em 1988. Em nossa tese, mostramos como o Romantismo foi formado por três veios; o pietismo nascido das doutrinas cabalistas de Jacob Boehme, o esoterismo e o Idealismo alemão, todos os três veios de caráter gnóstico.
"A renovação dos estudos antigos no Renascimento abrangeu também os estudo hebraicos, integrados no grande patrimônio cultural do ocidente. O hebraisante Reuchlin, professor de Tubingen e mestre de Melanchton, foi cativado pela Cabala, à qual ele consagrou diversas obras, em particular o De Are Cabbalistica (1517). Vai se firmando a idéia de que se pode elaborar uma Cabala cristã cujas interpretações tornam a ligar o Novo testamento ao Antigo, em benefício do Messias anunciado pelos Profetas. O iluminismo pietista recolhe esses ensinamentos que fazem parte do patrimônio secreto da confraria dos Rosa Cruz desde o século XVII, Esse saber atravessou os séculos até o momento em que ele se afirma com um vigor renovado no iluminismo romântico (Georges Gusdorf, Du Néant à Dieu dans le Savoir Romantique, Payot, Paris 1983, p.185)
Se a ligação do Romantismo com as doutrinas da Gnose e da Cabala são conhecidas, não conhecíamosnenhuma obra que fizesse um relacionamento explícito entre o Romantismo e a heresia do Modernismo, condenada por São Pio X, na encíclica Pascendi, em 1908. Agora, enquanto redigíamos este trabalho, foi publicada na Europa, uma excelente obra, tratando desse tema. Referimo-nos ao livro do Abbé Dominique Bourmand, Cent Ans de Modernisme – Généalogie du Concile Vatican II, Ed Clovis, Étampes, 2.003.
Finalmente, essa relação é exposta sistematicamente, o que facilita compreender como os católicos forampreparados para aceitar os erros modernistas pela mentalidade romântica, largamente difundida no clero e nos meios paroquiais.
Finalmente, essa relação é exposta sistematicamente, o que facilita compreender como os católicos forampreparados para aceitar os erros modernistas pela mentalidade romântica, largamente difundida no clero e nos meios paroquiais.
O Romantismo estendeu sua influência a todas as esferas do pensamento, no século XIX, incluindo, evidentemente a Filosofia e a Política. Assim é que o Simbolismo, as doutrinas de Bergson e de Blondel -- sem esquecer a Psicanálise de Freud -- que tanto influíram no Modernismo, estavam empapadas de teses românticas. Neste artigo, queremos mostrar a ligação de alguns autores românticos com a Gnose do Modernismo. Foram estas doutrinas que acabaram triunfando no Concílio Vaticano II dando origem à crise atual da Igreja (Cfr. nosso trabalho Doutrinas Modernistas no Cancílio Vaticano II - Resposta ao Instituto Paulo VI de Brescia, www.montfort.org.br/cadernos/vaticano2b.html). Daí nosso interesse em focalizar este tema.
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